O Bosque Me Pregou Uma Peça

Antônio Mendes
2 min readMay 6, 2021

Natureza
É uma mãe
Que fará de tudo pra proteger e vingar seu filho
Filho sádico, que se diverte com a caça e com os caminhos confusos do bosque

Mas vou até ela, descobrir seu segredo
Sem angustia, sem medo
Amante perigosa, serena, de tiro certeiro

Na calma da floresta
Onde a vida ainda resta
E o futuro a mãe gesta

O pássaro pelo canto se manifesta
Me encanto com essa música tão honesta
Me leva até um canto
Encontro de aresta
A mata fechada toma conta por enquanto

Mas sua melodia
Me guia
Tão boa que ninguém protesta
Enquanto eu a perseguia

Outros cantos juntos se tornavam uma festa
Em meio a tantas árvores fechadas, aparecia uma fresta

Em meio a natureza, descanso santo
Eu homem, entro e aprecio o recanto
De chão macio, de folhas um manto
Lindo momento vivencio

Coração da mata
Filho vivo da mãe natureza

Primeiro a pisar, minha marca providencio
Minhas iniciais na arvore deixo

E subitamente o canto cessa
E da lugar a um pranto
O sigo como se ele fosse uma promessa
Cada vez mais fundo, cada vez com mais pressa
Quanto mais alto é o lamento, mais me interessa

Até que ele também cessa
Olho para trás, não acho meu caminho, não sei de onde vim
Estou perdido

O bosque me pregou uma peça
De muito mal gosto

Arvores secas

Copas baixas

Não posso mais ver o sol

Galhos tortos me arranham

O silencio, totalmente enlouquecedor

O ar fresco nunca pareceu tão sufocante

A sede a fome

Sem rima

Sem perdão

Estou morto

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